Eu rezo para estar sonhando.
Há vinte anos, venho exercendo a profissão de psicóloga e psiquiatra.
Em uma das sessões, um paciente me perguntou se a loucura era contagiosa. Logo respondi que dependia da pessoa, sem nem mesmo pensar.
Um de meus pacientes, Bruno, pediu para que eu fizesse uma regressão. Aceitei. Preparei-me e comecei a exercê-la. Ele começou a se encolher no sofá, se retorcer e gritar. Ele já não conseguia prestar atenção em minha voz. Eu tinha perdido todo o controle sobre ele.
Eu estava confusa e nervosa, chamei a ambulância. Fiquei em choque. Me levaram para casa, para descansar.
Consegui dormir apenas duas horas. Me levantei e fui à cozinha. Enquanto procurava algo para comer, ouvi passos vindos da escada, me virei rapidamente aterrorizada, era Bruno. Ele desceu as escadas, passou a mão em meu rosto e perguntou se estava tudo bem. Não respondi, apenas sorri. Ele me deu um beijo no canto da boca e subiu as escadas.
De lá de cima, se virou e perguntou onde estavam as crianças. Abri a boca querendo falar, mas as palavras não escaparam, eu não estava entendendo absolutamente nada.
Com o vento, a porta da frente bateu. Bruno disparou em direção à ela. O segui vagarosamente, ele olhou pelo vão da porta, e viu duas graciosas menininhas afogadas em sangue.
Me virei, e logo veio aos meus olhos a imagem de um consultório todo branco.
Beatriz Buzato
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